Quando fazer o Ecocardiograma Fetal

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A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que o ecocardiograma fetal faça parte da rotina de exames pré-natais. Mas existem fatores de risco que indicam a realização do teste já a partir da 14ª semana de gestão, e até repetido durante a gravidez. Esses fatores se dividem entre indicação fetal, materna ou familiar:

  • Indicação fetal

Gestações múltiplas, arritmias, retardo no crescimento intrauterino, malformações congênitas e alterações em exames anteriores são algumas indicações fetais para a realização do exame. Arritmias são alterações na frequência cardíaca, que podem sinalizar doenças do coração. Já as malformações e alterações como translucência nucal aumentada no primeiro trimestre costumam ser detectadas no ultrassom morfológico – teste de imagem que mostra ossos, vasos sanguíneos e o coração do bebê. A translucência nucal é um procedimento que mede a espessura da pele da nuca do feto, a fim de calcular o risco de doenças como a síndrome de Down.

  • Indicação materna

Gestações durante a adolescência ou após os 35 anos são consideradas de risco e, portanto, há indicações para a realização do ecocardiograma fetal. Se a mãe teve algum aborto anterior, sofre com cardiopatia congênita, diabetes, infecções virais, colagenoses ou faz uso de alguns tipos de drogas lícitas ou ilícitas, também precisa fazer o exame. Lembrando que o diabetes é uma doença que provoca a elevação na taxa de glicose no sangue (chamada de hiperglicemia), devido à insuficiência do hormônio insulina. Por sua vez, colagenoses são patologias que causam inflamação e degeneração no tecido conjuntivo – responsável pela sustentação, preenchimento de espaços entre órgãos e proteção de células funcionais do organismo. Lúpus, esclerodermia e dermatomiosite são alguns tipos de colagenoses. O uso de cigarro, álcool e drogas com ação sobre o sistema nervoso central pode prejudicar o coração do bebê durante a vida intrauterina e, por isso, representa uma indicação materna para o ecofetal. O mesmo vale para antiinflamatórios e outros medicamentos que interfiram no metabolismo da prostaglandina, substância importante para a contração do útero quando o bebê vai nascer.

  • Indicação familiar

Se houver histórico familiar de cardiopatias congênitas ou síndromes mendelianas, existe indicação para a realização da ecografia no feto. Síndromes mendelianas são doenças hereditárias produzidas pela mutação de apenas um gene, como a Síndrome de Marfan, que causa anomalias no esqueleto, olhos e sistema cardiovascular.

Contraindicações da ecocardiograma fetal

Não há contraindicações para este exame. Existem apenas limitações a ele. Por exemplo, antes da 18ª semana de gestação ou após a 28ª, o ecocardiograma fetal não é recomendado. A restrição se dá em razão das maiores dificuldades para visualizar as estruturas do coração. 

Como se faz o exame de ecocardiograma fetal?

O exame de ecocardiograma fetal dura cerca de 20 minutos, é simples e indolor. Primeiro, a gestante deita de barriga para cima sobre uma maca. Um gel é aplicado na barriga da paciente, e será espalhado durante o procedimento. Em seguida, o profissional que conduz o teste usa um aparelho chamado transdutor sobre o gel, para captar imagens do coração do bebê. O equipamento emite ondas sonoras de alta frequência, parecidas com as usadas em exames de ultrassonografia. Essas ondas são processadas e convertidas em imagens que serão avaliadas pelo médico. O Doppler permite que os batimentos cardíacos do feto sejam ouvidos. Sua principal função é mostrar se existem alterações nos fluxos de sangue intracardíacos e com isso sugerir a presença de comunicações entre as câmaras cardíacas. Um exemplo clássico é a comunicação interventricular na síndrome de Down.

Resultados do exame ecocardiograma fetal

Imagens do teste podem ser observadas em tempo real, através do monitor do aparelho de ecocardiografia fetal. Normalmente, essas imagens são gravadas e analisadas posteriormente, gerando um laudo médico. Nesse documento, o profissional aponta especificidades do procedimento e conclusões a partir da avaliação do exame.

Resultados normais do ecofetal

Quando os resultados são normais, significa que não foram identificados indícios de anomalias na estrutura e no funcionamento do coração. No entanto, como explica no artigo Detecção pré-natal das cardiopatias congênitas pela ecocardiografia fetal, de Márcia Abdalla Teixeira da Costa e Oscar Francisco Sanchez Osella, as cardiopatias congênitas identificadas durante o pré-natal costumam ser diferentes daquelas diagnosticadas após o nascimento. Por isso, é preciso continuar acompanhando a saúde cardíaca do bebê, ainda que o ecocardiograma fetal não mostre anomalias.

Resultados alterados do ecofetal

Mesmo quando o exame revela alterações, é preciso uma avaliação completa, considerando resultados de outros exames, histórico familiar e fatores de risco para diagnosticar alguma patologia no coração do feto. Uma análise de pesquisas realizadas nesse campo mostra que as cardiopatias congênitas detectadas antes do nascimento costumam ser as mais graves. Algumas delas podem ter os efeitos amenizados quando há atendimento assim que o bebê nasce. Portanto, é fundamental que sejam diagnosticadas na gestação. Dentre as patologias mais comuns reveladas durante a vida intrauterina, estão:

  • Defeito do septo atrioventricular (DSAV): a comunicação entre átrio e ventrículo fica comprometida, dificultando as funções do coração
  • Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE): ocorre quando a maioria das estruturas do lado esquerdo do coração é pouco desenvolvida, prejudicando o fluxo sanguíneo necessário para as atividades do corpo
  • Dupla via de saída do ventrículo direito: nessa condição, bebês possuem as artérias pulmonar e aorta conectadas ao ventrículo direito, enquanto em um coração normal, a artéria aorta deveria estar conectada ao ventrículo esquerdo. O resultado é uma mistura entre sangue oxigenado e não oxigenado, prejudicando a nutrição dos órgãos e sobrecarregando o coração.

Dr. Gustavo Vito Rabelo